domingo, 11 de novembro de 2018


A fé que em ti há pode ser explicada?

PARTE I

  "A Fé é a certeza...e a prova..."

(Paulo de Tarso?)


    Sempre busquei entender a fé "que uma vez me foi dada" a partir da minha própria experiência, com o que vivo nela e através dela. Isso sempre satisfez a minha mente e o meu coração sobre o assunto.
    Um dia, um velho amigo meu me perguntou: "o que é fé?" e eu lhe disse que ele teria que experimentá-la, que ela não poderia ser explicada. 
    Diante de sua insistência sobre como saber o que fazer para experimentá-la, eu lhe disse:
- A partir de hoje,  "peça" a Deus para que o Espírito dEle lhe conceda o vislumbre da fé. Então você saberá o que ela é.
- Eu tenho que "me converter" para isso? Perguntou achando, talvez, que eu lhe estivesse propondo deixar sua fé espírita. 
    Claro que eu não quis entrar em detalhes sobre tão profundo assunto, mas, na realidade, eu acreditava que ele não precisava se tornar cristão protestante para experimentar a grandiosidade da fé. Não foi isso que aconteceu com Cornélio em Jope? 
     No entanto, sim, eu cria que ele precisaria crer em Jesus Cristo como o seu Salvador e da humanidade para que pudesse vivenciar, plena e constantemente, a fé genuína que só quem crê recebe do Espírito do Cristo. Mas um rápido vislumbre creio que o Senhor pode dar ao coração de quem Lhe pede, crente ou não. Tem acontecido assim no mundo árabe junto à "Igreja Perseguida", onde a cristandade não pode ficar expostas por causa da imensa rejeição por muçulmano extremistas, mesmo assim seu número continua crescendo. 
   Afinal, pedir alguma coisa a Deus, mesmo que não professe a fé em Jesus Cristo, já não é uma forma de acreditar?
   Sei também que alguns dos que leem este post diriam "creia em Jesus Cristo como seu salvador e receba a fé". Mas não vi, na situação, a ocasião para isso, já que ele, como esotérico, como eu também havia sido, tem uma estrutura de pensamento que necessita de tempo e individualidade para suas decisões. Ele não acreditaria que apenas uma frase afirmativa o converteria. Além do mais, tal confissão sem arrependimento de pecados o deixaria na mesma situação mental e espiritual de "não-crente". Não esqueçamos também que um espírita kardecista, como ele, se considera um cristão e, a seu modo, seguidor de Jesus Cristo.

- Não, não precisa se converter para saber o que ela é - respondi simplesmente.

   Algum tempo depois, ele teve uma experiência interior ao subir a escada para o andar de cima da sua casa, que o fez entender que aquilo que sentiu era a fé e quem lhe falava era o Espírito Santo.
  Aquela experiência não o havia convertido à fé cristã protestante, como eu, no fundo do meu coração, esperava que acontecesse. Mas uma frase dele mostrava que algo de importante tinha ocorrido na experiência:

- Entendi o que é a fé! Agora, eu só pedirei ao Espírito Santo. Falou-me alegremente ao me encontrar na escola em que éramos colegas.

    Eu senti sua alegria naquela revelação e isso também me alegrou. No entanto, eu não me senti capaz, e ainda não me sinto, de querer saber a abrangência presente e futura daquela experiência pessoal que ele havia tido e o quanto aquilo o ajudaria a superar o momento de aflição da alma que estava passando. Nem também entendi por que aquela experiência não foi suficiente para que ele se tornasse um "seguidor protestante de Jesus Cristo", tendo-O como único e suficiente salvador.
    
    Hoje, muitos anos depois daquele diálogo e de também não ter sido mais confrontado com a pergunta "o que é a fé?", nem também de procurar explicação compreensível sobre ela, já que sua existência em mim é tão satisfatória que não me leva à busca de tal resposta, o Senhor me fez sonhar um sonho. 
   Como a palavra "sonho" tem sido muito usada com significado de "buscar as realizações das promessas de Deus na vida daquele que crer", eu preciso dizer que ele ocorreu de madrugada, enquanto eu dormia. 
   De repente, às cinco da manhã, fui acordado com o diálogo do sonho na minha cabeça, uma mensagem que ecoava com a frase "como explicar a fé que há em ti?". Imediatamente levantei-me e escrevi, com caneta e papel  mesmo, por achar que a luz do computador poderia "ligar" minha mente e me fazer esquecer os detalhes do ensino ocorrido no sonho.

   Nunca fui muito afeito a narrar sonhos pra alguém. Acho monótono tentar fazer as pessoas vivenciarem a força da experiência do sonho através da narração de eventos, não poucas vezes, sem sentido algum. Mas seguindo o conselho do próprio Deus em sua palavra - "Aquele (o profeta) que sonhar conte como apenas um sonho..." (Jr 23:28a) - achei importante narrar este que tive, sem qualquer pretensão de que ele seja uma grande verdade para o leitor, mas um registro do quão importante ele foi para mim e, quem sabe, uma boa resposta sobre "a explicação da fé" a quem possa interessar.

Então, a partir daqui, encare o texto como uma ficção, muito embora a origem dele e das ideias nele não o sejam.

    Tudo começa comigo e minha mãe participando de um "círculo de oração" cristã, no que parecia ser um salão social de uma igreja. Havíamos sido convidados por um amigo, o jovem M., e havíamos chegado no momento em que ele  liderava a oração. Ali estavam muitos jovens reunidos. Esse meu amigo passou a dizer como deveriam ser as orações que acompanhariam a dele:

- Queridos, quando eu estiver levantando a minha voz orando por cada um - falava ele em um tom muito alto - "devolvam" o poder da oração sobre mim com frases do tipo "seja sobre você também o que pedir a Deus por nós"; "receba você também, recebaaa!"; "a graça do Senhor seja derramada sobre ti." e frases do tipo. Entenderam?
  E todos, em (quase) uníssono, responderam afirmativamente, exceto eu e minha mãe que continuamos calados. Na realidade, eu fiquei perplexo e acho que minha mãe também. 
   Por isso, quando ele começou a orar impondo rapidamente as mãos sobre as pessoas, eu não tive qualquer reação. Somente o pensamento "o que é isso, Senhor!?" dominava minha mente. Era uma grande balbúrdia, no meio da qual podíamos ouvir grandes gritos de bênçãos, invocações das promessas e outras ordens de realizações divinas sobre o irmão que orava.
    Tanto eu quanto minha mãe participamos inúmeras vezes de reuniões pentecostais, mas daquele tipo eu nunca tinha visto. Até porque eu discordava que as orações tinham que ter um tom tão pessoal e convocado pelo próprio "beneficiário". Bem, não entrarei em detalhes sobre tudo que se passou na minha mente e no local. Lembremos que aquilo era um sonho.

   Quando tudo terminou, saímos eu, minha mãe e o meu amigo. Ele, muito animado, falante, nos conduzia para um grande pátio onde, ao longe, dentro do mesmo terreno estava o templo da igreja, onde parecia estar ocorrendo alguma atividade. Enquanto caminhávamos lentamente, conversando amenidades religiosas, eu interrompi a conversa e falei:

- M., que forma estranha de oração que vocês fazem aqui...
- Estranha como?
- Não sei explicar, mas o fato de ter a obrigação de falar frases encomendadas por você, para você mesmo, me deixou desconfortável. Não estou acostumado a orar assim...
- Mas essa é uma verdadeira oração de fé, meu amigo! É desse jeito - continuou convicto - que dizemos a Deus, com fé, para Ele derramar chuvas de bênçãos sobre todos com a concordância enfática de todos. E nós saímos daqui abençoados.
   Mesmo diante de sua convicção, insisti:
- Eu entendo a forma e a intenção, meu amigo, mas não concordei que uma intercessão tivesse que ser desse jeito. Pra mim isso parece ser um ação impositiva de alguém que lidera para que as pessoas façam apenas o que o líder está pedindo. Não me parece feito por fé convicta da pessoa.
    Então, mais uma vez me vi diante da pergunta que, volta e meia, se interpõe a mim.
- Mas o que é a fé? Perguntou-me de um jeito como já sabendo a resposta. 

    Aliás, essa pergunta, para quase todos os cristãos evangélicos, tem a mesma resposta: "A fé é a certeza...", como o autor expõe de forma definitiva em sua carta aos Hebreus. Sendo Paulo ou outro autor, como divergem os teólogos especialistas no Novo Testamento, a verdade é que, ali, não se explica a fé. Mas é isso que satisfaz e pronto!

    Tudo que escrevi até aqui é o contexto para o que o Espírito do Senhor parecia querer me ensinar. A partir daqui, quando fui confrontado pela pergunta sobre fé novamente, o "ensino do alto" começou para mim. Mesmo que a boca usada tenha sido a minha, era a do Senhor que eu ouvia e me instruía. Isso não tinha nada a ver com o meu amigo, mas comigo mesmo.

    Que resposta você daria além daquela que estamos todos acostumados a dar, a de Hebreus 11?

(Continua na parte II) 

Parte II: http://ocimarferreira.blogspot.com/2018/?m=0

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