sexta-feira, 15 de maio de 2009

Carne versus espírito

Por ocimar Ferreira

Outro dia comentei um post de um amigo muito querido sobre o fato de não realizarmos dedicação mental integral às coisas que pensamos, fazemos ou falamos. Ele chamou de “viagem na maionese” quando fazemos isso numa conversa ou debate sobre certos assuntos que nos agradam. Muito interessante foi perceber a ligação que ele fez desse nosso processo mental com o tipo de leitura que fazemos na internet - textos com os hipertextos - nos quais alguns links nos remetem a outros textos que complementam as informações ali incompletas, como agora o farei: http://pensarigor.blogspot.com/2009/01/viagem-na-maionese-e-inteligencia_28.html.

Na ocasião, me veio à mente o que o apóstolo Paulo deseja esclarecer quando não conseguimos realizar o que o nosso espírito deseja devido à uma luta empreendida nos calabouços do nosso ser e que se apresentam publicamente em forma de "nosso jeito de ser": “Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis.” Gl 5:17.

O Senhor Jesus também alude ao fato de que o que não está pronto é a carne, enquanto nosso espírito (quando recebemos o Espírito dEle) está pronto para viver as coisas que o Reino de Deus nos propõe. Por isso, devemos resistir às armadilhas mentais que o mundo nos impõe continuamente, imprimindo em nossa alma certa dose de ansiedade por causa da tentação da carne:

"Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca." Mt 26:41

Eis então uma parte do meu comentário que fiz ao post desse meu amigo:

"Entendo que a atenção de nosso espírito prioriza o propósito de Deus em nós. Por isso , quando nossa alma cede à “maionese” da carne quando o assunto é o maná do espírito, devo esforçar-me para deixar aquele “lanchinho” verbal para um segundo momento, desde que aquele assunto espiritual não precise de um “link” muito útil para o momento, é claro.(agora mesmo acontece um “link” em minha mente com conceitos de self, id, ego e superego etc, mas discorrer sobre isso não é o propósito de meu espírito agora, por isso CALO minha “pulsão” em ceder a esta “maionesagem” e continuo ao que estabeleci inicialmente – embora me regozijaria contigo, em um outro momento, de meditar naquele versículo sobre as implicações em nossa psique)"

O que entendo ao meditar no texto de Paulo aos gálatas é que se andamos segundo a natureza do Espírito Santo em nós, o qual "testifica com nosso espírito que somos filhos de Deus" - Rm 8:16 - nosso espírito vivificado em Cristo tende a vencer a maioria das lutas empreendidas pela atenção de nossa alma entre ele (o nosso espírito) e a nossa carne, incluindo aí o aviso de João em sua primeira carta: "Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não vem do Pai, mas sim do mundo."

Tal natureza espiritual, expressa em forma de fruto: "o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fé, a mansidão, o domínio próprio", nos conscientiza do quanto a condenação pela lei é perpetuamente extinta em nós. Essa confiança de aperfeiçoamento em Jesus Cristo também aperfeiçoa nossa relação com o Pai. Vemos aí a Trindade divina cooperando para a perfeição dos nossos corpos, almas e espíritos que, aos nossos olhos, estavam fadados a sucumbir nas trevas, principalmente os dos outros como determina o nosso julgamento do exterior alheio.

Algum dia essa luta cessará? Não, enquanto a carne não for glorificada, conforme a promessa que têm os que se tornam nova criatura, a luta continua. Podemos confirmar isso na "agonia do jardim" que Jesus enfrentou em Sua própria carne e o desejo dela de fazer sua própria vontade mas, o Senhor, obediente "até a morte de cruz", pediu que se fizesse a vontade do Pai. Se o Filho do Homem lutou até o último momento com a finitude da carne, quem somos nós para nos considerar perfeitos e, só assim, não vivenciar mais tal luta?

Por isso, a luta é certa ( Paulo diz que o espírito "luta", e não "lutava" ou "lutará", denotando que ela é diária) mas para os que têm os olhos fixos no "autor e consumador da fé, Jesus", têm-nO como modelo de lutador que sempre esteve no "front" da batalha dizendo "tende bom ânimo eu venci o mundo!". Quem diz que "venceremos também" o mundo menospreza tal declaração do Senhor. Ele já o venceu! A saga da salvação da humanidade é apenas uma. Não há um outro mundo, um outro diabo, outros demônios. Todos o que o Senhor Jesus Cristo venceu na cruz estão derrotados. Se continuam agindo, o fazem em meio aos despojos. Enganam-se os que temem as suas próprias derrotas e se deixam assolar pelo medo, a ansiedade, a avareza, o ciúme, o ódio, a vingança... Mas, o Senhor nos alerta: Não se orgulhe de estar de pé (e só po Ele é que estamos) "...olhe não caia". Se o "link" não o leva ao Espírito, com certeza tal ligação quer levá-lo ao obscurantismo mental e confundi-lo na ação em prol da liberdade de todos por quem Jesus se entregou.

A luta agora é tomarmos posse das verdades eternas e praticá-las no tempo de nossa peregrinação. A grande luta é interior, o cenário é a atenção de nossa alma. O mundo e o diabo continuam a agir sobre os "filhos da perdição" e buscam abalar os "filhos da luz" em suas convicções do "tudo posso naquele que me fortalece"; na tristeza ou na alegria; na riqueza ou na pobreza; na doença ou na saúde; na miséria ou na fartura somos filhos e não bastardos, gerados para o reino do Seu Amor.

" Mas, a todos quantos o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus." João 1:12

Paz em Jesus Cristo!

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